segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E os valores?!

Nasci, cresci e formulei minha própria personalidade. Faço parte de uma sociedade que se preocupa em ter, aparecer e humilhar. Pessoas arrogantes que se consideram inteligentes, mas não sabem o verdadeiro significado da palavra virtude. Deparei-me, há alguns dias, com uma cena de novela mexicana, um mero “showzinho”, um troglodita, que resolveu fazer palco, após ouvir aquilo que precisava, mas ninguém teria dito anteriormente.
Certamente que ele não entenderia, pois possui um espírito imundo, envolvido nas piores podridões da atualidade. Jamais pensei em ofender ou dizer algo que o deixasse frustrado, porém não pude aceitar uma situação em que um ignorante, sem classe, sem compostura e sem educação, que no lugar do cérebro possui esterco, abusasse da boa fé, da integridade e humildade de outrem.
Depois da belíssima encenação (que merece levar o “framboesa” para casa) entrei em colapso de risos. Como seria capaz um homem de quase trinta anos possuir uma infantilidade absurda? Insanidade... E o mais engraçado é que possui platéia que o aplaude e não toma nenhuma atitude. Muito bem, deixemos a alucinação tomar conta desse indivíduo, apoiaremos mais algumas crises existenciais e, quando ele ferir cruelmente a sociedade, o mandaremos para algum hospício.
Diante disso, e tudo mais que presenciei, fico questionando-me onde está a hombridade? Onde foram parar os valores humanos? Como aceitamos que depravados assassinem a nossa Constituição e continuem impunes? Nos resta acreditar que, cedo ou tarde, eles mesmos se suicidarão. E que "Deus" sempre é justo. Mas de certa forma, estarei aqui, como boa estudante de Direito, tentando corrigir de uma forma educada e justa, baseada em diálogo, os maus atos alheios que ocorrerem diante aos meus olhos.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Não coma capim


Inferioridade é uma derrota da alma; inferiorizar-se é a perda das perdas.
Mas como esperar o contrário se vivemos em um mundo em que homens de grande capacidade econômica cospem nas cabeças de uma população pobre e inferior, porém rica de espírito e fé.
Para onde irá toda a riqueza que possui hoje? Ensine o seu filho a ter respeito e humildade; isso é a base da boa educação; a força da alma. Tenha gentileza.
Acredite na sublime ordem superior, pois esse Universo, do qual você faz parte, é de tamanha subjetividade que seria impossível descrever a magia que o envolve.
Ninguém sabe o que há depois da morte;
Morte terrena.
Não levante a sua cabeça ao passar ao lado de pessoas de classes diferentes, elas, assim como você, realizam as mesmas necessidades fisiológicas.
Não seja ignorante, tenha capacidade de debater, não critique a opinião do outro, ela só não vale mais do que a sua. Não coma capim.
Se a arrogância faz parte do seu estado de espírito, desista de acreditar que o seu caminho de poder irá longe.
Você não é obrigado a lavar a bunda de políticos corruptos, mas pode escolher se quer beijar as mãos de homens poderosos.
Sentiria náuseas;
Faço parte de uma sociedade fajuta em que sair em colunas sociais é mais importante do que ler um livro... Santa ignorância.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O chá já está esfriando

Quanto desperdício de sentimentos e sensações. Esse inverno foi rigoroso, pior que os outros, talvez pelo fato de que o meu coração esteja em uma temperatura negativa ou por falta de afeto. O que seria o amor? Não existe definição, amar ultrapassa qualquer barreira do entendimento. Poderia responder um nome, o nome da pessoa amada. Mas não sou a pessoa certa para falar sobre amor, nunca amei. Afirmo que já fui uma eterna apaixonada, mas por míseros sete dias, ou oito, não lembro ao certo. Vários rapazes foram donos dos meus pensamentos por algumas horas, mas nada ao ponto de me deixar levar pela insanidade do louco amor. Queria me perder em desejos absurdos e frases incoerentes, mas não consigo, o amor demora. Se destino existe, o meu resolveu brincar de esconde-esconde, quando vou encontrá-lo? Desejo um amor incondicional, preciso de palavras encantadoras, frases apaixonadas e poesias. Procuro alguém que me leve pelo braço quando eu tentar fugir, que me abrace enquanto durmo e tenha temperamento forte. Se não encontrar esse amor que busco, prefiro envelhecer só, sonhando com amores platônicos e idealizados em textos, que escrevo para as moscas.

- Amor, onde está? Não virá esta noite? O chá já está esfriando e você não chega. Preparei para você um coração recheado de emoção, fogo e desejo.

Grande ignorância aguardar algo que se esconde nas trevas da surpresa. Chamo de trevas, e não fique indignado ao ler isto, esperar o tempo que esperei, e espero, transforma a magia em ansiedade. Sinto náuseas.

Quero legitimidade. O sonho permanece abstrato e intolerável;

Necessito.

Não há controvérsias e não espero que queime, eu quero derreter o seu espírito e sentir a sua força.

Sou temperamental e tenho minhas dúvidas, mas seria uma ótima amante.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Coadjuvante

Você tem todos os defeitos possíveis, comete as maiores gafes e usa meias para dormir; você fala comigo uma única vez na semana. Não concordamos em nada e não temos os mesmos amigos, mas você é capaz de causar os mais variados sentimentos em mim; eu amo você, eu odeio o seu jeito, eu amo os seus olhos, admiro o seu temperamento, confundo suas manías e aceito o seu modo de viver. Eu sonhava acordada quando estava ao seu lado e ainda penso em você antes de dormir, formávamos um belo casal, mas ficamos juntos por um pequeno tempo. O seu beijo foi como uma droga ilícita, os seus braços me fizeram querer abraçá-lo. Quanta raiva já senti de você, principalmente das vezes em que você me ignorou, quantas lágrimas derramei e você nunca soube . O destino o trouxe até mim e me fez coadjuvante na sua história, quis ser a protagonista, ser a sua mocinha, talvez, pelos olhos da sua namorada, eu tenha sido a antagonista, mas eu não trapaceei, não armei barracos, não fui à luta, então não me considero vilã. Eu quis que você escolhesse, eu esperei e talvez ainda espere. Não, seria lastimável dizer que ainda o espero. O meu plano, naquela época, era de ficarmos juntos para sempre, creio eu que o seu fosse outro. O destino que o pôs em minha vida de uma forma tão rápida, o tirou com uma velocidade ainda maior. Você está longe, já não sei mais o que o agrada, o que o faz feliz, não sei da sua rotina e não quero saber se existem outras, de outra já basta eu. Das coisas que me recordo, lembro muito bem do seu humor, um menino engraçado, assim, nunca mais irei encontrar, ainda posso vê-lo vestido com aquela calça larga, uma touca e os tênis... O tempo deixou saudades, lembranças e o mesmo afeto.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Impossível entender um coração

Essa ausência de sentimentos me entorpece de saudade do desconhecido, que me remete a imagens singulares e infinitas. Permaneço perplexa com tudo o que está a minha volta, contemplo-me serenamente e acabo voltando no tempo. Lembro-me muito bem de um grande amigo que tive, era mais do que um amigo e melhor do que um namorado, uma amizade inesquecível e repleta de afetos.

Não me recordo do dia em que nos conhecemos, mas creio que foi em junho de 1992, ambos com quatorze anos na época. Todas as tardes eu ia até a biblioteca municipal e me desprendia da realidade. Sempre gostei de ler, perdia horas do meu dia dentro do mundo da leitura, em busca da magia que não encontrava ao vivo e a cores. Em uma dessas tardes, percebi que a mesa, na qual costumava me sentar, estava ocupada por um menino, ele lia vorazmente.

Fiquei intrigada, nunca alguém havia sentado naquele lugar, ele era meu, era o meu espaço, ficava o mais longe possível de todos, por que ele tinha que sentar-se lá se haviam tantos lugares vagos? Caminhei em direção a ele, parei e o fitei por alguns segundos. Ele ergueu os olhos, levantou o rosto e perguntou se eu queria sentar... Permaneci em estado de choque, fiquei vermelha, o que eu estava fazendo ali? Sentei.

Comecei a ler pela oitava vez "O Crime do Padre Amaro", ele me olhou e disse pausadamente que admirava os livros daquele português bigodudo... Fiquei atônita, como ele podia ter a audácia de chamar o Eça de Queirós de “português bigodudo”? Eu o olhei com olhos de raiva... Mas só tive coragem de perguntar o que ele estava lendo. Respondeu-me que tinha começado a ler "Pé na Estrada", versão em português de "On the Road". Eu já tinha ouvido falar sobre o livro e quis saber se ele se interessava pelos beatniks, pela Contracultura e sobre tudo o que ela representava. Conversamos a tarde inteira. No outro dia, ele estava lá e assim seguiram-se os dias.

Ele lia o mesmo que eu, eu ouvia as mesmas músicas que ele. Não faltava assunto, só fazíamos silêncio quando alguém vinha chamar a nossa atenção ou quando começávamos a ler. Teve um dia que ele não foi, senti medo de perdê-lo, mesmo sabendo que ele não me pertencia (ou pelos menos pensava isso). Na tarde seguinte, quando o vi sentado lá, quis brigar. Onde já se viu ele me fazer esperar feito uma criança quando espera um doce? Ele sorriu e disse que tinha ido, para a cidade vizinha, comprar um presente para mim. Naquela hora estremeci e só quis abraçá-lo. Era uma corrente (a tenho em meu pescoço até hoje).

Passaram-se alguns anos e ele tinha se tornado meu confidente, eu falava e ele escutava, eu chorava e ele me acalmava, eu o amava muito, ele era um anjo intelectual na minha vida rotineira, ele era a minha rotina. Considerava-o metade de mim, um irmão que nunca havia tido. Ele dizia que me amava com o cérebro, pois não acreditava que amamos com o coração e isso me deixa dúvidas até hoje... Amamos com o cérebro ou com o coração? Amamos com tudo.

Quando comecei a namorar, ele foi o primeiro a saber, e eu, tola que era, na época não percebi que ele me amava de uma forma diferente, ele me amava como mulher, ele queria me amar e ser amado, só eu não havia enxergado, mas naquele instante pude entender. Ele me olhou com olhos aflitos, chorou, berrou, saiu. A amizade que tínhamos mudou, mas não deixamos de nos falar. O tempo seguia, eu começava e terminava novos romances, todos frustrados e ele sempre ali: sereno, pacato, silencioso, fraterno.

Mas a grande explosão atômica aconteceu quando ele veio para mim, espontaneamente, e disse que estava apaixonado: por outra. Isso doeu, me deixou acabada, não existia mais ar em meus pulmões, meu sangue havia se tornado transparente. Ficamos sem nos falar durante uma semana. Me senti traída, não queria o ver mais. Quanta incongruência... Eu havia negado o amor que ele quis me oferecer, não desejava mais nada além de sua amizade e agora, que o tinha perdido de vez, eu o queria somente para mim.

Ele começou um romance perfeito, acabamos nos afastando. Nossa amizade completava cinco anos. Mudei de cidade e comecei a cursar Letras. Ele também deixou a nossa pequena cidade, o seu namoro terminou, não sei se ele fez faculdade, não sei se encontrou novos amores, não sei se ainda pensa em mim. Será que sente a mesma nostalgia que eu? Hoje sou professora em uma universidade e já escrevi dois livros. Espero que ele tenha lido, também espero um dia reencontrar o meu grande amigo e poder dizer a ele que ele foi o meu verdadeiro e único amor.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Tarde enegrecida

Um segredo perdido ao vento, meu amor escondido
Entre a lua e as estrelas: o seu coração singelo
Vejo o brilho dos seus olhos verdes, azuis e castanhos
Nas águas frias do riacho, através das nuvens crepusculares

Sua voz solta na imensidão, incompreendida
Imagem singular ao inverso do paraíso, você se foi
Encontrei sinceridade nos seus beijos vulcânicos
A falsa magia me entorpeceu, acreditei

Uma partida infinita, sem adeus
Sua face pálida, confusa entre a neve
Nenhum sabor, cheiro ou dor
Frio, tarde enegrecida, fim amargo

O passado corrompido entre flores e espinhos
Lágrimas azuis, roxas e amarelas, espaço imenso
Voe ao longe, brisa sem destino, não volte
O afeto se acabou, o silêncio permanece

sábado, 24 de abril de 2010

Vienna

Depois de uma briga, ele saiu. Ela ficou sentada, chorando, na cama. Ele entrou no carro, ligou o som e começou a tocar Vienna. Seria o fim de um relacionamento conturbado e repleto de discussões? O que eles precisavam falar, se calou. O que ela queria ouvir, ele não disse.

Ela levantou, foi até a janela, o carro ainda estava lá. Fechou a cortina, foi ao banheiro, lavou o rosto, com água gelada, olhou no espelho, viu sua face pálida com os olhos vermelhos e as gotas das lágrimas derramadas se misturando com as gotas de água. Chorou mais. Doía muito, e só ela sabia a dor de todas aquelas brigas, a dor do abandono, a dor das palavras ditas e do medo. Medo de perdê-lo por mais uma vez, porque, a cada nova briga, ela sentia que um pedaço de suas almas se desunia.

Ele ligou o carro, enquanto ouvia a voz de Isaac Slade, e percorria as ruas escuras daquela noite fria, pensava nela, em tudo o que tinham vivido juntos, pensou no que disse. Ainda via os olhos dela cheios de lágrimas, escutava a sua doce e delicada voz pedindo para que ele parasse, pois não aguentava mais. Percebeu, então, que, naquele momento, a havia perdido para sempre. Nunca em uma briga ela tinha pedido para ele parar, nem mesmo havia chorado em sua frente.

Ela estava sentada no sofá, na televisão assistia a algum filme estapafúrdio com atores excêntricos e desconhecidos, pensava nele e em como ele era grotesco. Como poderia ela ter sofrido tanto todo esse tempo?
O amor, que pensava existir, não existia. Era costume. Muitas vezes, quando se convive muito tempo com certa pessoa, pode acabar confundindo “amar” com “acostumar”. Ele tinha sido seu primeiro namorado. Quatro anos de desentendimentos, palavras rudes e por poucas vezes o amor que ela buscava, que ela merecia.

Ele telefonou, ela atendeu. Silêncio por alguns instantes...
- Você nunca atende tão rápido – ele disse.
- Hoje é diferente – ela respondeu.
- Não vai mais ser como antes, não é? – ele continuou.
- Não sei se você me ama, já não sei mais se existe amor entre nós, mas tenho certeza que eu não o amo. Acabou e não insista – ela desligou. Não havia mais lágrimas para derramar. Sorriu.

Pela primeira vez, ele chorou.

“Talvez em cinco ou dez anos nós nos encontremos novamente. Quando a coisa toda estiver certa. Talvez então a necessidade de honestidade não seja temida como um amigo ou um inimigo. Esta é a distância e esta é a face do meu jogo.”

Nesta noite, Vienna era toda para ela.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um cappuccino quente, por favor!

Sinto o vento gelado arranhar a minha face, cortar os meus lábios e rasgar a minha alma. Permaneço sentada. O banco está gelado, a praça vazia, uma tarde de sábado com o céu prata acinzentado, inverno rigoroso. Sinto-me só, meus amigos foram embora, ainda não encontrei o amor - ou ele não me encontrou? - Amor. Pequeno detalhe que faz uma enorme falta. Levanto, caminho em direção à igreja, não me recordo qual foi a última vez que lá entrei. Volto a andar, sem rumo, sentindo os primeiros pingos da chuva caírem ao chão. Entro em um Café, há duas moças no balcão, um senhor de terno azul, lendo algum jornal da cidade, e escuto uma música tocar no volume mínimo... "Hold me tight". Na última mesa, um rapaz, de óculos, toma seu café, suavemente desce a xícara até o pires e coloca mais açúcar. Sento-me em uma mesa antes da sua, ele me olha por um pequeno instante e continua a adoçar o café. Uma, das moças do balcão, vem até mim e pergunta o que desejo. Peço um cappuccino. Não consigo tirar os olhos daquele rapaz, cuido todos os seus movimentos, a maneira com que ele mexe o café com a colher, o modo como morde os lábios após tomar um gole. Ele me olha, disfarço, ele sorri - quase morro - sorrio timidamente. Tenho a mania de tentar entender as pessoas, mas nesse momento não consigo entender-me muito bem. A moça traz o meu cappuccino, agradeço. Um cappuccino quente, em um dia de frio, é capaz de aquecer um coração gelado... Acredite. O rapaz levanta, está usando uma camiseta branca, escrito “Oasis”, em preto, ele é magro; pega o seu casaco, que está sobre a outra cadeira, veste-o, tira uma touca do bolso e a coloca. Olha para mim, se vira e vai ao banheiro. Parece que nascemos um para o outro, fico imaginando nós dois de mãos dadas indo ao cinema... Estranho, não sei nem ao menos o seu nome e já vejo um futuro entre nós. Ele volta, eu estremeço, passa ao meu lado e deixa um bilhete cair lentamente sobre minha mesa. Não tenho coragem de ler. Fico parada feito uma tola, olhando um retrato do John e do Ringo, abraçados, que está na parede. Olho para fora, através da vitrine, e vejo-o atravessar a rua. Leio o seu bilhete: “Oi, meu nome é Max, sei que o seu é Giovanna, sei, também, que é estudante de Direito, pois estudamos na mesma universidade, porém faço Música. Venho todos os sábados aqui, no próximo, se quiser me acompanhar, ficaria mais tranquilo, porque se, caso, não aceitar meu convite, morrerei de vergonha e terei que mudar de cidade.” Levanto e pago o meu adorável cappuccino, que conseguiu a façanha de esquentar meu peito e me trazer uma pequena alegria de viver. Agradeço sorrindo, e até sábado à tarde.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Uma sala, uma fotografia e um café

- Já faz seis anos – disse ele.
- O tempo passou rápido – finalizou ela, pegando seu cachecol e saindo sem fechar a porta.
Na sala, permaneceu o silêncio e ele. Sentado, olhando para o chão, imóvel, com o braço direito apoiado na lateral da poltrona.

Enquanto os carros passavam pela rua e suas imagens refletiam nas vidraças das vitrines, ela caminhava apressadamente, com as mãos vermelhas e os lábios ressecados pelo frio. Parou um instante, seu semblante refletia uma imagem contraditória, continuou. Virando a esquina, entrou em um antigo edifício, cor de pêssego, de três andares. Subiu as escadas com calma, degrau por degrau. No último andar, um rapaz magro, de cabelos negros, sem pentear, rosto pálido e estatura mediana, a esperava encostado na porta.
- Mel, não imagina o tamanho da falta que senti – disse ele, olhando profundamente para os lábios dela. Ela o beijou.
- Não posso mais viver sem você, Gregório. Vamos embora para longe, só nós dois – sussurrou ela ao ouvido dele. Entraram e fecharam a porta.

Na sala, ele permanecia sentado, olhando uma fotografia, que atrás estava escrito “Melissa e Vicente”, dentro de um coração. Na foto, o casal representava o típico amor juvenil, primeiro romance, primeiro namoro...
Levantou-se, foi até a cozinha e preparou um café, quente e amargo, para sentir no estômago o fim de um relacionamento. Voltou para a sala, pegou um livro, sentou-se em sua poltrona e começou a ler.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Não seja frio

Me abrace; me abrace forte e apertado, não tenha medo, não fuja. Fique mais. Eu preciso... Preciso ouvir a sua voz. Vamos juntos para qualquer lugar longe daqui, onde os dias não terão fim, os nossos beijos serão intensos e sem medo; se entregue verdadeiramente. Feche os olhos e se apóie em mim, não minta. Para cima, se está deprimido, olhe para cima, eu sempre estive aqui e sempre vou estar. Não, não se deixe levar pelo caminho obscuro, eu sou a sua luz e vou fazer de você o melhor, eu amo você. Olhe a chuva comigo e aprecie a sua beleza, um dia nublado não vai lhe causar dor, durma ao meu lado. Podemos ir longe, podemos ser únicos, tente outra vez. Pegue a minha mão, o inverno está chegando e eu vou ser o seu aconchego, vou lhe segurar firme e cuidar das suas cicatrizes. Posso aquecer o seu coração, é só lembrar que tem um. Não destrua-nos, acredite... Creia sempre no amor. Viva por nós. Ame. Acredite na primavera e nas flores. Não seja frio.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pequeno comentário

Tenho deixado meu blog de lado, mais por motivo profissional do que pessoal, logo que uma estudante de Direito deve se dedicar completamente aos estudos. Mas a minha vida pessoal se confunde com a profissional, sendo que acabo deixando meus amigos de lado para apreciar uma boa leitura do Código Civil, dentre outros livros e apostilas que degusto com os olhos, cérebro e alma. No último domingo tive a honra de assistir um fantástico e inefável filme que meu amigo Marrer me emprestou e hoje venho aqui para indicá-lo a vocês, chama-se O fabuloso destino de Amélie Poulain. Indico para os bons apreciadores de histórias simples e encantadoras, se apreciarem, esse drama cômico é ideal. Esse filme que concorreu ao Oscar em 2002, mas infelizmente não ganhou, relata a vida de Amélie desde a sua infância isolada das pessoas, até se tornar uma jovem garçonete que após ter encontrado uma caixa pessoal no seu apartamento, resolve sair em busca do verdadeiro dono desse objeto, mas essa é somente a primeira parte do filme... Portanto quem estiver disposto a se entregar a uma magia francesa única e especial não deve deixar de assisti-lo. E ainda deixo mais uma dica, para os que gostam de rock alternativo, muito parecido com The Beatles, todos já devem ter ouvido Oasis, tenho certeza, caso não tenham, Oasis – Don’t Look Back In Anger, som deslumbrante, com letra indescritível e romanesca.

terça-feira, 23 de março de 2010

Me esqueça...

Porque sinceramente... Não lembro mais, nem sequer penso nisso e ainda retornas com a mesmice de sempre... Perguntar se tenho sonhado com você? Já não faz o meu tipo há muito tempo, já não mais recordo os nossos momentos. Então não adianta fingir que sou eu a enamorada da história, pois é você que não vive, não respira sem as minhas palavras, precisa de mim para sobreviver? Está claro, todo o seu coração me pertence... Cedo ou tarde viria à tona, grande besteira não jogar isso para o alto e seguir com a sua vida, mas até já acostumei, sei que sou o motivo pelo qual seu pulso pulsa e seu diafragma contrai, sei que seria capaz de matar e morrer por mim, mas achar que sinto ciúmes de você... Aí é o fim.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sem título

Éramos mais que um inteiro, éramos uma só alma, um corpo único. Significávamos muito um ao outro. Você era um anjo que me fazia sentir nas nuvens, era um príncipe de contos encantados, tudo parecia ser um sonho e ao mesmo tempo era tão real. Cresci ao seu lado, aprendi a amar e respeitar os sentimentos. Você descobriu que também podia amar e ser amado, eu sei disso. As horas que passei junto a você se tornavam segundos, pois não podia ver o tempo passar, seu olhar me hipnotizava, seus lábios me chamavam e eu permanecia com a respiração lenta, quase parando. Ainda lembro, mas lembro como se fosse hoje, noites que não conseguia dormir pensando em você, a insônia era minha única companhia nas madrugadas em que os meus olhos não se cansavam de olhar nossas fotos, aqueles minutos eram intermináveis para mim, não havia razão se você não estava ali. Quando eu via você se aproximar, meu espírito se desprendia do corpo, minha boca secava e tudo ao redor se apagava. Só via você, só sentia você, sua voz me trazia de volta ao normal. Seus graves misturados com os agudos que apareciam somente na metade das frases, eram como melodias suaves aos meus tímpanos. Seu perfume era de um doce forte que entrava em minhas narinas e se inalava ao meu sangue, seus gestos simples, seus traços marcantes, seu abraço gentil e o seu sorriso que me soava como um “eu te amo”. Éramos perfeitos um para o outro, éramos felizes, tenho certeza disso. Mas acabou. Não consigo entender... Talvez não queira entender. Não há porque razão de aceitar isso! Tudo era tão divino e puro, um amor tão justo e leal, pelo menos de minha parte... E acreditava que de sua também. Sim, tenho certeza que tudo foi sincero, mas sempre acaba. Não, realmente não penso assim. Acredito que se chegou ao fim é porque não era você o verdadeiro e sincero amor. Você não era o meu destino. Por isso hoje vivo perdida a espera de algo que me traga a esperança de poder amar novamente. Nada mais importa, nada mais faz sentido. O que passou eu já esqueci ou pelo menos finjo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Revolução

Vamos começar uma revolução! Você muda o seu modo de agir e eu mudo os meus costumes... Não, não, não. Vamos tentar diferente, eu falei uma revolução, não é? Sim. Vamos mudar o que há de errado, vamos trazer todos para o nosso lado e fazer uma confraternização. Uma festa. Vamos beber até cansar, até acabar com a nossa reputação, depois disso, quem sabe, começaremos uma revolução. Tudo novo, um recomeço. Se não gostarmos... Simples, muito simples, voltaremos as nossas velhas atitudes, reiniciaremos a nossa festa, mais um porre. Viva o fim da revolução!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Marrer

E, quando me vejo perdida, sei que tenho você perto de mim, para me apoiar, sempre ali, daquele jeito, com aquele sorriso, aquele olhar, as mesmas palavras, o mesmo abraço, aquela piada fora de hora, o seu charme que só eu vejo, a sua voz grossa que desafina no meio das frases, o ombro amigo que me protege, as risadas que me alegram. E isso tudo me dá a certeza que eu sempre busquei: eu tenho um amigo, eu tenho o melhor amigo, que não me abandona, que me ama e vai defender em todos os momentos. E com você aqui os meus dias são melhores e completos. Eu te amo.

Erros

Erros incontáveis, erros inaceitáveis, erros incompreendidos, questões sem soluções, dias inacabáveis, horas entediantes... Tudo isso passa... E por que não perdoar um pequeno erro? Todos erram, eu mesma já errei várias vezes, sim, é difícil assumir, mas é mais difícil perdoar. Ter que perdoar não significa assumir que alguém nos enganou, mas que essa pessoa falhou e está arrependida. Ninguém é perfeito. Transformar um pequeno erro em algo sem perdão pode ser um dos maiores erros cometidos pelo ser humano.

Metamorfose Ambulante

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, dizia Raul Seixas. Sim, uma metamorfose, uma mutação, um ser visto com maus olhos pelos outros, é assim que a maioria das pessoas veem quem pensa dessa maneira. Mas eu prefiro observar do mesmo modo como Raul observou, se os outros enxergam de um jeito dessemelhante ao meu, não faz a menor diferença, se pensam que essa é uma forma desconexa de agir... Erram. O maior caráter está em admitir a sua verdadeira personalidade, seja da forma que lhe for mais conveniente. Não existe certo ou errado. Regras? Para que segui-las? Não nos tornam maiores, mais fortes, não nos fazem melhor. O maior pecado do ser humano é achar que o que não agrada a todos é incorreto.

Lacunas

Há certos momentos em nossas vidas que um vazio enorme toma conta e parece que nada mais faz sentido, que nada importa, que nada é real. Existe uma imensidão aí fora e muitas coisas a serem descobertas, mas mesmo assim o vazio permanece e o imprescindível nunca acontece. O amor falta, a probabilidade de encontrar um diminui e essa lacuna só tende a aumentar sucessivamente, tornando esse vácuo cada vez maior e assim acabamos nos tornando pessoas vulneráveis a amar o que não é prudente. O mais coerente é entrar em um momento introspectivo, aceitar que vazios existem e que sempre farão parte de nossas vidas. Mas o amanhã é um segredo a ser descoberto e é por isso que muitas vezes não desistimos de tudo. Um buraco sempre acaba preenchido, mesmo que demore.

Começando

Meu primeiro dia aqui. Criei esse blog com o intuito de escrever tudo o que se passar pela minha cabeça. Então, para começar, vou deixar este pequeno texto que escrevi no meu perfil do Orkut. Porque, realmente, eu espero que o Destino exista e que seja esplendoroso.

As pessoas vivem em busca de algo que dê algum sentido a suas vidas monótonas e intrigantes. Namoram, casam, compram uma casa, um carro, têm filhos, talvez viajem todos os anos para praia, talvez para a Europa, mas e no fim? Morrem. Falar da morte não me traz nenhuma perspectiva empolgante. Não tenho nenhum argumento sobre isso. Para mim, não passa de um grande mistério que me deixa mais entediada. A vida é boa, sim, a vida é fantástica e curta. Por isso não me atrai em nada transformar esse meu pequeno tempo biológico em dias de mesmice e chatice, vivendo em uma grande rotina perpendicular. O que eu quero? Ainda não sei. Espero que o destino exista e me traga grandes surpresas.